sexta-feira, 26 de abril de 2013

São Francisco de Assis




SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis (Assis, 5 de julho de 1182 — 3 de outubro de 1226), foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. 

Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. 

Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. 


Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença. Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus, mas a despeito do enorme prestígio de que ele desfruta até os dias de hoje nos círculos cristãos, que fez sua vida e mensagem serem envoltas em copioso folclore e darem origem a inumeráveis representações na arte, a pesquisa acadêmica moderna sugere que ainda há muito por elucidar quanto aos aspectos políticos de sua atuação, e que devem ser mais exploradas as conexões desses aspectos com o seu misticismo pessoal. Sua vida é reconstituída a partir de biografias escritas pouco após sua morte mas, segundo alguns estudiosos, essas fontes primitivas ainda estão à espera de edições críticas mais profundas e completas, pois apresentam contradições factuais e tendem a fazer uma apologia de seu caráter e obras; assim, deveriam ser analisadas sob uma óptica mais científica e mais isenta de apreciações emocionais do que tem ocorrido até agora, a fim de que sua verdadeira estatura como figura histórica e social, e não apenas religiosa, se esclareça. 

De qualquer forma, sua posição como um dos grandes santos da Cristandade se firmou enquanto ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228, e por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente. 

Em 1197, com a morte do imperador romano-germânico Henrique VI, que dominava a região, inicia-se uma revolta dos mercadores de Assis, O Ducado de Assis era controlado pelo Duque de Spoleto, que cobrava pedágio de tudo que atravessasse a região. Os revoltosos, entre eles Francisco, conseguem conquistar o poder. Em 1201, Francisco organiza uma tropa para dar combate a nobreza feudal que havia se refugiado na Perúsia. Na luta os mercadores de Assis são derrotados e Francisco e levado para prisão, onde permanece durante um ano. Em 1203, de volta a cidade natal, Francisco entrega-se a uma vida de festas e luxo. Depois de um tempo resolve mudar de vida e ser cavaleiro. Para chegar a esse posto teria que começar como escudeiro de um nobre. Francisco parte para sua missão. Durante o percurso, ao encontrar os mendigos, vai se desfazendo de seus pertences. Em 1206, orando na capela de São Damião, acredita ouvir de Cristo as seguintes palavras: "Vá Francisco, e restaure a Minha Casa". Imaginando tratar-se de reconstruir a Capela, volta para casa, vende boa parte dos tecidos do pai, e entrega-se ao serviço de Deus e dos miseráveis. Em 1208, faz votos de pobreza. Francisco de Assis, decidido a cumprir as Escrituras sagradas, passa a viver voltado apenas para o espírito. Seus sermões eram cada vez mais frequentados, sua fama vai se espalhando e as poucos já tinha seguidores, dispostos a formar uma nova ordem religiosa. 


Em 1210, fundaram a Ordem dos Irmãos Mendigos de Assis, que se instalou em cabanas no alto dos montes. Em 1212, voltando a sua cidade natal, vem a seu encontro a jovem Clara, que se junta ao grupo e funda mais tarde a Ordem das Clarissas. Em 1215, o papa Inocêncio III reconhece a "Ordem dos Franciscanos" e designa o Cardeal Ugolino, como protetor da Ordem. Os discípulos são separados em dois grupos para seguir em peregrinação pelo mundo para disseminar o sentimento da fé cristã. Durante a peregrinação os franciscanos tiveram seus primeiros martírios, cinco discípulos foram mortos pelos muçulmanos, em Ceuta, por recusarem a conversão ao islamismo. Francisco embarca para a Terra Santa, onde é aprisionado e levado ao Sultão. Para mostrar a superioridade da fé cristã, Francisco anda sobre brasas. É imediatamente libertado e volta para a Itália. 

Em 1221, apresenta um texto com as regras para a ordem, que é recusado pelo cardeal Ugolino. Em 1223 o texto é retocado e finalmente aceito pelo papa Honório III. Em 1224, decepcionado e doente, com uma inflamação nos olhos, é obrigado a moderar suas atividades. Nesse mesmo ano renuncia a direção efetiva da irmandade que criara. São Francisco, em companhia dos discípulos Ange, Rufino e Leão, parte para floresta.


Conta-se que na floresta, em sua presença, os peixes saltavam da água e os pássaros pousavam em seus ombros. Certo dia orando, no alto do rochedo, desceu do céu um serafim de asas resplandescentes, trazendo nos braços uma cruz. Quando a imagem desaparece, Francisco percebe marcas de sangue nas mãos e pés. Em 1226, Francisco implora que levem-no a Assis. Onde, falece assistido pelos discípulos, no dia 3 de outubro. 

A Ordem dos Franciscanos se espalhou pelo mundo. Este Santo homem, pequeno e frágil, não vivia para si mesmo, mais para aquele que morreu por todos nós. Enchia a terra com o Evangelho de Cristo e em um dia percorria 4 ou 5 povoados anunciando o Reino de Deus, a Salvação, a Penitência e a Oração. Não sabia favorecer a vida dos pecadores e os repreendia pacientemente. Seus maiores milagres sempre foram através da Oração. São Francisco era como um rio caudaloso de graça celeste que alimentava os corações com sua palavra e exemplo, propunha uma nova forma de vida, o caminho da salvação, o amor a Deus. Estava sempre preocupado com a construção espiritual de seus filhos, o caminho das virtudes, a pobreza, obediência, a castidade e sobretudo com a renúncia. São Francisco tinha o rosto alegre, de olhar simples, afeto sincero e com o abraço fraterno colhia os desamparados. Amava tanto a Deus que lutava constantemente pela salvação das almas, seu amor ao próximo era tão intenso que quando não podia mais andar e quase cego, percorria as terras montado em um jumento para levar a benção do Senhor. 

Em seu amor a Deus sempre repetia: "Senhor! Minha alma tem sede de Vós e meu corpo mais ainda".Veio ao mundo com assinalado e luminoso destino. São Francisco renuncia à todos os bens que o prendiam neste mundo, veste-se como eremita e começa a restauração da Capela de São Damião e cuida dos leprosos. Seis anos mais tarde, esta capela será o lar das Damas Pobres de Santa Clara. São Francisco assumia tudo como vindo das mãos de Deus, pois se sentia na palma da mão de Deus. Chamava a tudo de irmão e de irmã. Não apenas as coisas ridentes, mas também as sombrias e dolorosas. Chama as doenças de irmãs doenças. A própria morte é chamada de irmã morte. O curioso nele é que fazia das próprias fragilidades humanas e dos pecados caminhos para chegar a Deus pela via da humildade, da compaixão e da total entrega à misericórdia divina. 

Sentia-se “miserável vermezinho, pútrido, fétido, mesquinho, miserável e vil”. Seguramente era fétido, pois andava com o mesmo burel todo esburacado e sujo pelos poeirentos caminhos do vale de Rieti e da Umbria. Mas assumia a dimensão de sombras de forma jovial, pois nada, nem o pecado nem a morte, o afastava da íntima comunhão com Deus.

 -"Se sentires o chamado do Espírito, atende-o e procure ser santo com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todas as tuas forças. Se, porém, por humana fraqueza não conseguires ser santo, procura então ser perfeito com toda a tua alma, com todo teu coração e com todas as tuas forças. Se, contudo, não conseguires ser perfeito por causa da vaidade de tua vida. Procura, então ser bom com toda a tua alma, com todo o teu coração e com toda as tuas forças. Se, ainda, não conseguires ser bom por causa das insídias do maligno, então procura ser razoável com toda a tua alma , com todo teu coração e com toda as tuas forças. Se, por fim, não conseguires ser santo, nem perfeito, nem bom, nem razoável, por causa do peso dos teus pecados, então procura carregar este peso diante de Deus e entrega tua vida à Divina Misericórdia. Se isso fizeres, sem amargura, com toda a humildade e com jovialidade de espírito por causa da ternura de Deus que ama os ingratos e maus, então começaras a sentir o que é ser razoável, aprenderás o que é ser bom lentamente aspiraras a ser perfeito e, por fim, suspirarás por ser santo. Se tudo isso fizeres, a cada dia, com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todas as tuas forças, então eu te asseguro, irmão : estarás no caminho de São Francisco de Assis, não estarás longe do reino de Deus. "


Os testemunhos de época relatam que seu estilo de pregação era direto e simples, usando o vernáculo, longe da eloquência sacra de seu tempo, mas afirmam que sua sinceridade e compreensão das dificuldades da vida popular, sua habilidade em evocar imagens ilustrativas vivazes em pequenas parábolas ou histórias retiradas de suas experiências do cotidiano entre o povo, e sua capacidade de apresentar a doutrina cristã de forma inteligível, faziam que seu discurso tivesse um efeito persuasivo profundo. Sua paciência e bondade para com todos fizeram com que fosse procurado constantemente por pessoas de todas as posições sociais que iam a ele em busca de conselho e orientação, e a todos instruía na melhor forma de alcançar a salvação na condição em que se encontravam, regozijando-se em ver que suas palavras amiúde davam frutos positivos e que os costumes se iam reformando gradualmente. No florido estilo de sua Vita prima Celano afirma que em virtude de sua presença e atuação em pouco tempo toda a Úmbria se havia transformado, e se tornara um lugar mais aprazível. Francisco desejava acima de tudo que os irmãos pregassem através do exemplo pessoal, conseguido na imitação do exemplo de Cristo, e o modelo monástico que ele implementou representa uma transição entre o monasticismo medieval enclausurado e as novas formas de vida apostólica que mais tarde se consolidaram, mais abertas para o mundo exterior e mais dedicadas ao serviço prático para com os necessitados, e fez essa reforma sem jamais ter pretendido ser um reformador. 

Outra de suas contribuições foi a de enfatizar a paz, a tolerância, o respeito e a concórdia, e ele sempre teve a convicção de que os irmãos deviam ser pacificadores, o que deixou expresso em vários escritos e foi repetido por seus biógrafos. Mesmo nas missões que enviou para entre os muçulmanos fez recomendações para que os missionários mantivessem uma postura de respeito para com as manifestações da divindade em todos os credos e de sujeição às leis civis locais, e que evitassem se envolver em disputas teológicas. Ele pessoalmente conseguiu a paz em vários conflitos internos nas cidades italianas de Arezzo, Peruggia, Siena, Gubbio e Bolonha, e pouco antes de morrer, já gravemente enfermo, fez a paz entre o bispo e o poder civil em Assis, o que não deixa de ter conotações simbólicas, apontando para seu perene desejo de reconciliação entre a religião e o mundo profano. 

Como Cristo recomendara a seus apóstolos que em cada casa em que entrassem dissessem "Que a paz do Senhor esteja nesta casa", usualmente Francisco costumava iniciar e terminar suas prédicas com a proclamação da paz. A seus próprios seguidores, Francisco dissera: "Assim como anunciais a paz pela boca, estejais certos de que a paz esteja em vossos corações". A saudação Pax et bonum (Paz e bem), que usava frequentemente, se tornou mais tarde o lema da sua Ordem e também da cidade de Assis. Em 2002 o papa João Paulo II presidiu uma cerimônia em Assis que reuniu duzentos líderes de vinte e quatro religiões para que fosse celebrado um Dia Internacional de Preces para a Paz no Mundo. Foi elaborado o documento O Decálogo da Paz de Assis e enviado para todos os Chefes de Estado do mundo, e no encerramento da cerimônia todos trocaram o beijo da paz enquanto era cantado o Cântico ao irmão Sol.

Altíssimo, onipotente e bom Senhor, a ti subam os louvores, a glória e a honra e todas as bênçãos!

A ti somente, Altíssimo, eles são devidos, e nenhum homem é sequer digno de dizer teu nome.

Louvado sejas, Senhor meu, junto com todas tuas criaturas, especialmente o senhor irmão sol, que é o dia e nos dá a luz em teu nome. Pois ele é belo e radioso com grande esplendor, e é teu símbolo, Altíssimo.

Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã lua e as estrelas, as quais formaste claras, preciosas e belas. 

Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão vento, e pelo ar, pelas nuvens e o céu claro, e por todos os tempos, pelos quais dás às tuas criaturas sustento. 

Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã água, que é tão útil e humilde, e preciosa e casta. 

Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão fogo, por cujo meio a noite alumias, ele que é formoso e alegre e robusto e forte. 

Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã, nossa mãe, a terra, que nos sustenta e nos governa, e dá tantos frutos e coloridas flores, e também as ervas. 

Louvado sejas, Senhor meu, por aqueles que perdoam por amor a ti e suportam enfermidades e atribulações. 

Benditos aqueles que sustentam a paz, pois serão por ti, Altíssimo, coroados.

Louvado sejas, Senhor meu, por nossa irmã, a morte corpórea, da qual nenhum homem vivo pode fugir. 

Pobres dos que morrem em pecado mortal! e benditos quem a morte encontrar conformes à tua santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal. 

Louvai todos vós e bendizei o meu Senhor, e dai-lhe graças, e o servi com grande humildade! 

Francisco de Assis, o amor em ação. Algumas fontes mediúnicas fazem menção de ter sido Francisco, em pretérita reencarnação, o apóstolo João Evangelista, que realmente, já naquela época, possuía o poder de amar.

Foi proclamado, em 1979, Santo Patrono dos Ecologistas, devido o fato de ter sido um grande admirador da natureza e pelo intenso e devotado amor aos animais. Poeta, cantava o Sol, a Lua e as estrelas. Era alegre, terno, simples, amoroso, criatura de paz e de bem, auferindo estima, consideração e simpatia. Amava intensamente a Jesus e sua mãe Maria.

Em 4 de outubro é comemorado o seu dia. Ainda jovem, penetrando em um templo católico, em ruínas, olhando para a imagem de Jesus, no altar, ouviu o mesmo dizer-lhe: -"Francisco, restaura minha casa decadente”. Tomando no sentido literal as palavras, iniciou um trabalho de reforma da pequena igreja, não assimilando, no momento, a transcendental mensagem profética do Cristo, a qual se referia ao estado lamentável em que se encontrava o cristianismo (”minha casa”), completamente distanciado do evangelho redentor, base primícia do vero cristianismo de Jesus.

Em verdade, a decadência religiosa é observada sempre que o amor por excelência é desprezado em troca dos valores materiais. 

Francisco, denominado de “Il Poverello” (“O Pobrezinho”), foi homem simples e humilde, assim como o Cristo, a quem amava ardentemente. Foi um verdadeiro cristão, preocupado com o seu semelhante, totalmente dissociado do poder da vaidade e do orgulho. Recusava posses e, mesmo obrando no catolicismo, exonerou as ordens eclesiásticas e promoções sacras, nunca se tornando sacerdote.

A restauração que o Mestre deseja é realizada em nosso interior, vivenciando a prática religiosa, sob a égide dos ensinamentos evangélicos, sabendo que a paz espiritual (”salvação”) é conquistada, através do exercício diuturno do amor e da fraternidade, sem a preocupação de auferir vantagens pessoais. 

No cristianismo do Cristo, personificado por Francisco, não pode haver interesses de ordem financeira, “dando de graça o que de graça recebeste”.

No cristianismo dos homens predomina o poder temporal, a exuberância dos templos religiosos e dos rituais, o mercantilismo, recriminado por Jesus, clamando que não fizessem da Casa do Pai um covil de ladrões (Mateus 21: 12-13), o dogmatismo, malbaratando a verdade que liberta e restringindo a essência espiritual a conceitos humanos superados. 

Francisco, dentre as três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, ressaltou a caridade como a mais excelente “Il Poverello” praticou em todos os momentos o Evangelho do Mestre, dando de comer aos famintos, saciando os que tinham sede, hospedando os forasteiros, vestindo os nus, visitando os doentes e os presos (Mateus 25: 36).

Vivenciou o amor em plenitude, obedecendo ao maior mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, sabendo que toda a lei e os profetas estão contidos nesse mandamento (Mateus 22: 36-40).

Francisco, dentre as três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, ressaltou a caridade como a mais excelente, ratificando o ensino de Paulo (1ª Carta aos Coríntios, 13: 13). Ninguém como ele, realmente testificou que “fora da caridade não há salvação” (“OESE”, nº15: 8). Na Parábola do Bom Samaritano, o Mestre, colocou de lado, na salvação, até o sacerdócio, citando um homem sem religiosidade, como afortunado, porque, humilde e caridoso, auxiliou o homem largado no caminho. Mesmo sem ser religioso, foi outorgado por Jesus como salvo, merecendo a denominação de verdadeiro cristão, porque pela ação da vontade fez o bem. O “Santo de Assis”, de acordo com o Sermão do Monte (Mateus 5: 1-12), como pobre em espírito, tornou-se possuidor do Reino dos Céus; consolou os aflitos de todos os matizes; manso por excelência, com capacidade ampla de herdar a Terra; satisfeito por ter fome e sede de justiça; feliz por ser misericordioso, puro de coração e promovedor da paz.

Todos os insultos recebidos, as calúnias arremessadas e as perseguições sofridas, por causa do trabalho com o Mestre, faziam dele um autêntico cristão, merecendo a devida recompensa na dimensão espiritual.

 Algumas fontes mediúnicas fazem menção de ter sido Francisco, em pretérita reencarnação, o apóstolo João Evangelista. Realmente, naquela época, já possuía o poder de amar em exuberância, daí ter sido denominado “discípulo amado”, já que o Cristo amava a todos sem distinção. O que fazia a diferença era o fato de João ter sido o mais evoluído dos discípulos. 

O evangelista esteve presente em todos os acontecimentos importantes relacionados ao Mestre, inclusive no momento crucial da crucificação. Na última ceia, ficou assentado ao lado do Cristo, em posição privilegiada (em seus últimos momentos na carne, Francisco pediu para lerem os textos evangélicos correspondentes à Última Ceia). Francisco de Assis, tendo sido João Evangelista, foi um dos excelsos benfeitores espirituais da codificação, sistematizada por Allan Kardec, e deixou-nos algumas mensagens bem profundas, como a publicada na Revista Espírita de dezembro de 1864 (Sessão Comemorativa na Sociedade de Paris): (...)

“O amor é a lei do Espiritismo; ele dilata o coração e faz amar ativamente aqueles que desaparecem na vaga penumbra do túmulo. O Espiritismo não é um som vão, caído dos lábios mortais e que um sopro leva; é a lei forte e severa que proclamou Moisés no Monte Sinai, a lei que afirmaram os mártires ébrios de esperança, a lei que discutiram os filósofos inquietos, e que, enfim, os Espíritos vêm proclamar. Espíritas!

O grande nome de Jesus deve flutuar, como uma bandeira, acima de vossos ensinamentos. Antes que fôsseis, o Salvador trazia a revelação em seu seio, e a sua palavra, prudentemente medida, indicou cada uma das etapas que percorrereis hoje.

Os mistérios desabaram ao sopro profético que abala as vossas inteligências, como outrora as muralhas de Jericó”. “Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta.

A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo. O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança. Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?

É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados. A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo. O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido.

A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição, ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos. Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humildade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe, sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.

É imprescindível a ascensão. A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior, ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram. Refaze as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos. O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim. O farol do oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou. Avança... Avancemos... Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor, e o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.

Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão. Não exijamos esclarecimentos. Procuremos servir. Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo. Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.

O Evangelho é o nosso Código Eterno. Jesus é o nosso Mestre Imperecível. Subamos, em companhia Dele, no trilho duro e áspero. Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo... Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.”

Alguns pensamentos a respeito de Francisco de Assis:

 "A vida de São Francisco de Assis é a que mais se aproxima do Absoluto do Evangelho... Ele foi o primeiro depois do Único." - Y. Congar, teólogo.

 "Há alguns dias me pergunto se o Cristo, no tempo da vida de São Francisco, não nos deu, segunda vez, o santo Evangelho." - Julian Green.

 “Há homens que, vivendo profundamente a problemática do seu tempo e de seu povo, são tão humanos que permanecem como inspiração para todos os tempos e todos os povos. Francisco de Assis é um desses homens raros que, ao longo dos séculos, das latitudes e longitudes, interpelam, questionam, desinstalam." - Dom Hélder Câmara.

 "São Francisco é o símbolo e a lembrança viva de Cristo. Ambos são inseparáveis para sempre." - Walter Nigg, escritor.

 "O lado humano da figura de São Francisco é tão surpreendente quanto o lado espiritual e místico. Ao homem Francisco com seus dotes e qualidades, se acrescenta imediatamente o santo do amor, da pobreza, da paz, da poesia, da fraternidade." - T. Lombardi.

 "Caso desaparecessem os Evangelhos, nós poderíamos reconstituí-los a partir da biografia de São Francisco de Assis." - Cardeal Vicente Scherer. 

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